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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Recife, Capital dos Baobás


Artigo da Última Página da Revista Algomais, ed. 69 de Dezembro/2011

Baobá na Praça da República


O baobá que conhecemos no Brasil (Adansonia digitata) é uma árvore muito simpática, nativa da África e da Austrália, à qual se atribui longevidade milenar. Não se sabe com certeza como foi trazida para o Brasil e teve em Pernambuco o lugar de sua maior disseminação, particularmente no Recife onde são encontradas às dezenas.

O mais famoso baobá da capital pernambucana, tombado pelo Ibama e pela prefeitura, é o que fica na Praça da República, defronte do Palácio do Governo. Conta a lenda, inclusive reproduzida na Wikipedia, que foi justamente esse exemplar a fonte de inspiração do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry,
que era aviador e teria estado no Recife na época da Segunda Guerra, para colocar a árvore no seu mais famoso livro, “O Pequeno Príncipe”. 

Além desse, temos na cidade mais 10 outros exemplares tombados pela legislação municipal: (1) um no jardim da Faculdade de Direito do Recife; (2) um em Ponte D’Uchoa, às margens do rio Capibaribe (que tem o maior tronco do Recife); (3) um no Parque da Jaqueira; (4) um no Bairro da Encruzilhada, por trás do mercado; (5) um na Rua Coronel Urbano Sena, no bairro do Fundão (chamado por lá de barriguda); (6) um na Rua Marquês de Tamandaré, em Casa Forte; (7) um na entrada do Centro de Ciências Sociais Aplicadas, no campus da UFPE; (8) três na Estrada Velha do Bongi, no terreno da Faculdade Nova Roma.

Baobá da Rua Marquês de Tamandaré no Poço da Panela com Fred Leal de "baobômetro" titular

E além desses, só dentro dos limites da cidade do Recife, podem ser contados pelo menos mais 30 exemplares, a maioria deles jovens, o que é evidência de recente onda de disseminação a partir da produção local de mudas. Com essa quantidade, o Recife é, de longe, a cidade que registra a maior número de exemplares da árvore no Brasil, o que lhe confere, sem nenhuma sobra de dúvidas, o distintivo título de capital brasileira dos baobás. Por conta disso, até o Dia do Baobá (19 de junho) foi instituído no calendário oficial recifense. 

Segundo o professor Fernando Batista dos Santos, “a concentração de baobás em áreas de antigos engenhos de cana-de-açúcar faz com que muitos atribuam a presença da árvore entre nós aos povos africanos que aqui desembarcaram” para os quais a árvore tinha/tem significado místico/identitário. De fato, dos 115 baobás cadastrados por Marcus Prado e Antônio Campos no Estado pelo projeto “Pernambuco – Jardim dos Baobás” cujo DVD foi recentemente lançado na Fliporto, 101 estão localizados na Zona da Mata pernambucana.

Também sem que se saiba exatamente porquê, o fato é que se pode dizer que o baobá bombou. Além desse projeto, foi também recentemente lançado o livro “O Mapa dos Baobás do Brasil” do “baobólogo” Gilberto Vasconcelos. O curioso é que enquanto esse livro trata do Brasil e o outro projeto trata de Pernambuco, ainda está faltando uma abordagem específica para o caso tão especial do Recife.


Baobá em Ponte D'Uchoa às margens do Rio Capibaribe com Fernando Braga de "baobômetro" substituto

Foi justamente para preencher esta lacuna que os caminhantes domingueiros, entre os quais me incluo, que já publicaram os guias “Um Dia no Recife” e “Um Dia em Olinda” e estão produzindo o livro “Recife Passo a Passo”, lançaram o projeto “Recife, Capital dos Baobás” que promoverá neste verão
recifense o cadastramento eletrônico no Foursquare (serviço de geolocalização) dos baobás da cidade e montará um roteiro exequível de visitação a pé dos exemplares mais significativos do Recife, numa homenagem à árvore e à cidade.

Os leitores da Algomais podem aguardar que, em breve, verão na revista mais informações sobre o projeto e tomarão conhecimento de dicas para visitação dos baobás da sua capital no Brasil, o Recife.


Autor: Francisco Cunha - @cunha_francisco