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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Viva, a Placa Voltou!

Artigo da Última Página da Revista Algomais, ed. 64 de Julho/2011
Clique aqui para baixar a Algomais #64

Amigos e leitores da Algomais, nem tudo está perdido! A placa que havia sumido do prédio em reformas na esquina da Rua do Imperador com Primeiro de Março e sobre a qual escrevi, um tanto desencantadamente no número 59, voltou ao seu lugar de origem. Viva três vezes!

Desde que notamos, eu e Plínio Santos-Filho, em nossas caminhadas domingueiras, o sumiço da placa colocada pela Prefeitura do Recife assinalando o local da primeira residência de Maurício de Nassau no Recife e do primeiro observatório astronômico das Américas e do Hemisfério Sul, não cansei de escrever, tuitar e reclamar a quem podia e tinha paciência (e, felizmente, educação...) para me ouvir. Afinal, fazia questão de dizer, o mais enfaticamente possível, que considerava um absurdo o fato de um bem público como a placa desaparecer do local onde estava sem nenhum aviso nem informação de onde foi parar e do que se pretendia fazer com ela, ficando a coisa por isso mesmo...

Dentre as diversas pessoas com as quais falei e/ou leram meu artigo, as que me deram retorno sobre medidas tomadas no sentido de fazer a placa voltar a seu devido lugar foram Anita Dubeux, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura do Recife; o vereador Sérgio Magalhães; e Fred Leal, diretor executivo da CDL Recife.

Esse é um exemplo mais do que evidente de que o inconformismo com as coisas erradas pode surtir efeito quando mobiliza as pessoas certas para reverter ou consertar o malfeito.

A respeito disso, quero aproveitar a oportunidade para voltar a perguntar acerca do paradeiro da estátua de um escravo em tamanho natural, muitíssimo bem feita por sinal, que compunha o belo monumento em homenagem ao abolicionista José Mariano Carneiro da Cunha, junto à Igreja de Nossa Senhora da Saúde no Poço da Panela. Há cerca de um ano, a estátua de bronze do escravo liberto teve o seu braço arrancado por obra de algum vândalo de plantão. Pouco tempo depois, a própria estátua desapareceu, sem que fosse deixada qualquer pista ou satisfação. Quero crer na hipótese mais benigna: a prefeitura retirou a estátua para consertar o braço e depois recolocá-la no seu devido lugar. Se é isso, no local deveria ter sido deixada uma comunicação explicando o procedimento, como é costume nos museus civilizados quando alguma obra da exposição permanente é retirada para conserto ou empréstimo. Parece uma questão menor ou, mesmo, um detalhe descabido, mas não é. Trata-se de uma obra de arte pública cujo paradeiro em princípio interessa a todos. Quanto à pior hipótese, de retirada por alguém que não a prefeitura, aí é que a intervenção da municipalidade, com apoio da polícia, deveria ser ainda mais necessária e informada...

Esses são exemplos muito claros de que é mais do que chegada a hora de, do lado dos cidadãos moradores da cidade, uma cobrança mais firme e efetiva quanto à qualidade e ao paradeiro dos bens públicos e, do lado da administração municipal, uma atenção redobrada com esses bens, além de uma ação preventiva de cuidado e informação sobre eles.

Talvez alguns digam que isso é aspiração de cidades civilizadas ou mesmo frescura de quem não tem muito o que fazer. A esses respondo com a convicção, que a cada dia mais se firma, de que temos todos os recifenses, mais do que a obrigação, o dever cívico, de aspirar à civilização na nossa tão magnífica quanto mal tratada cidade. Isso, tanto no que diz respeito às grandes ações ou iniciativas, quanto às consideradas “menores” como essas da placa e da estátua. Afinal, como bem demonstrou Nova York, cabalmente para o mundo, são as pequenas janelas deixadas quebradas que atraem as pedras para as maiores ainda inteiras.

Autor Francisco Cunha - @cunha_francisco












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